“O que você quer ser quando crescer?” Durante anos essa pergunta ecoava em minha mente, e meu ser angustiado buscava a resposta. Pergunta feita na infância, mas estendida até os dias mais próximos de minha juventude. Era intensa a dúvida que latejava dentro de mim. O que quero ser quando crescer... Ora! Melhor seria se me perguntassem o que, agora, quero ser. Desde cedo tive várias paixões, umas que pareciam não ter fim, ficavam comigo primaveras inteiras. Outras, eram como estrelas cadentes, vinham e iluminavam o meu olhar, me encantavam com seus brilhos, mas não passavam de apenas segundos apaixonantes, logo me apresentava outra e a mesma euforia invadia o coração numa ilusão de ter encontrado a escolha certa.
O que quero ser? Ah! Eu quero ser juíza, dentista, cantora, atriz, astronauta, jornalista, empresária, turismóloga, motorista de caminhão, músico, modelo... eu quero ser, eu quero ser... escritora de artigos históricos, professora, arqueóloga. Historiadora. Eu quero ser grande. Encontrei o amor verdadeiro, sei que é amor por que não passa. É nela que penso o dia todo, é por ela que me apaixono, por suas memórias, relatos e encantos. É por ela que enlouqueço, choro, me desespero, e torno a me apaixonar; por que é por causa dela que consigo ver o mundo com outros olhos, em seu silêncio, na sua sutil indiferença, na sua voz a ecoar dentro da minha cabeça.
Escolhi História não pelas enormes curiosidades que ela suscita dentro de mim, embora me encantem e me inebriem, ainda seja o que nela há de superficial. Eu quis mais, quis o que ela, em mim, suscitava. Eu quis sua memória, quis seu tempo, seus destroços, seus tesouros, seus escritos, civilizações, seus por quês e suas lacunas. Então amei-a. Agora a tinha por completo, a tinha toda viva dentro de mim. Decidi unir-me a ela pela vida, decidi perder-me num mundo desconhecido, que talvez jamais o compreenda por inteiro, e, assim, consumir os meus dias na busca interminável da compreensão do mundo de respostas achadas e perdidas; o meu mundo, a História.
Por Amanda Conrado.
(baseado num texto de Reika Dantas)